segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Reflexões acerca de oração (Parte 1) - Oração modelo

5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. 7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos 8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. 

9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; 11 O pão nosso de cada dia nos dá hoje; 12 E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; 13 E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.” (Mateus 6:5-13 RA)


Quando oramos nos relacionamos com nosso Deus. E assim sendo, não precisamos de homens para nos achegar a Ele, pois Jesus rasgou o véu da separação e nos deu acesso direto ao Pai, sendo o único mediador entre Deus e os homens (2Tm 2:5).


Isso me faz pensar em alguns pontos interessantes sobre oração:

Versículo 5: Jesus nos ensina a orar com humildade e em verdade. Muitos fazem orações com vocabulário rebuscado, citando trechos das escrituras juntamente com suas referências, buscando assim se fazerem mais espirituais que os demais, querendo assim transparecer seu conhecimento bíblico, mas seus corações estão distantes do Pai pois estão focados em homens, buscando a glória de seus pares, buscando fama na igreja como uma pessoa que ora “mais forte” que as outras. Essas já receberam sua recompensa, que veio de inútil reconhecimento de homens, que de nada aproveitarão. Deus não se apraz e não recompensa com tesouros celestes, pois fazemos obras na terra onde traça e ferrugem consomem.


Versículo 6: Quando oramos para nosso Deus, devemos assim fazer para termos nosso momento de intimidade, para conversarmos com ele, largando sobre o seu altar todas as nossas ansiedades e desejos. Quando temos algo a compartilhar com algum amigo, chamamo-lo em segredo e nos abrimos com ele, e assim é que Deus quer que façamos com Ele. Por isso nos pede um relacionamento a sós, em secreto, no nosso cantinho de oração para podermos ter um momento só nosso, sem nada e ninguém para atrapalhar. Precisamos nos desligar do mundo e assim entregar nosso coração humildemente nas mãos do Senhor. Precisamos nos achegar prostrado diante dele, reconhecendo nossa fraqueza e total dependência. Assim ele nos recompensará, ou seja, nos retribuirá na mesma medida que nos entregarmos, se achegará a nós com sua maravilhosa e satisfatória graça.


Versículo 7: Muitos buscam fazer orações longas quase intermináveis, prolixas e sem entrega. Apenas tagarelam algumas palavras, por vezes inúmeras vezes repetidas, crendo que Deus os atenderá pela insistência, ou achando ainda que Deus dorme e tem problema de surdez e que é necessário assim fazer para acordá-lo e para que Ele possa ouvi-los. As vãs repetições (ex.: rezar o terço) não acrescem em nada em são condenadas por esse versículo da escritura que nos proíbe desse expediente. Portanto, devemos entender que o nosso Deus não é um deus imóvel, um deus estático que precisa de uma força para se mexer, e sim um deus vivo, dinâmico, que trabalha enquanto descansamos.


Versículo 8: É muito interessante a revelação que esse trecho nos trás. Se Deus é onipresente, onisciente e onipresente é redundante falar que Ele sabe tudo o que precisamos muito antes de pedir, pois foi Ele que nos criou, Ele que nos deu a vida e Ele que escreve nossa história. Ele não está preso ao nosso tempo, nem com as amarras das nossas pequenas possibilidades humanas, mas Ele enxerga toda nossa história instantaneamente, até depois da nossa morte. Sendo assim, as nossas palavras expressam tudo que Ele já sabe, ou seja, a nossa fala é inerte perante Deus; mas o nosso coração não. O que Ele quer é o nosso coração entregue sem barreiras, sem reservas, um coração contrito e puro. É isso que vai mover a mão do Senhor para nos abençoar. Como Deus está em constante movimento correndo toda terra, quando oramos nós não despertamos a sua presença no meio de nós, mas nós temos acesso às regiões celestiais e assim podemos estar com Ele e, independente de onde Ele estiver e, assim, estaremos desfrutando da sua comunhão conosco de modo indescritível e poderoso.


Versículos 9 e 10: a oração do “Pai Nosso”, como comumentemente é tratada a oração que Jesus nos ensinou é uma oração modelo. Podemos chamá-la de moldura para as nossas orações – como pensamento do Pr. Ed René Kivitz – pois ela não foi feita para ser repetida a exaustão, mas como parâmetro para nossos pedidos. Vemos a oração dirigida diretamente a Deus, que está nas regiões celestiais e que pela primeira vez na Bíblia é chamado manifestamente de Pai. A oração pede para que Deus seja santificado, que na raiz grega significa respeitado, reconhecido como santo, tendo todas as coisas consagradas a Ele. Devemos pedir que venha o teu reino, ou seja, seja estabelecido seu poder, tua realeza e assim governe sobre todos. Logo adiante que seja feita a vontade de Deus que é abençoar a humanidade através de Cristo e que assim o conheçam e o glorifiquem por Jesus. É importante frisar que devemos fazer a vontade Dele e não a nossa, portanto, através da palavra e da oração é que podemos saber qual é a vontade Dele e descobrir assim que nossos desejos egoístas não deverão ser obrigatoriamente atendidos, mas sim nos sujeitarmos a vontade de Deus independente se gostamos de seu resultado ou não.


Versículo 11: Alguns creem que Jesus tenha feito essa oração em aramaico e que com as traduções houve certo equivoco e que a tradução correta seria o pão nosso de amanhã e não de cada dia. Se analisarmos a oração de forma holística, veremos ela tem tom escatológico, pois trata de coisa do porvir e não de coisas do tempo presente. Se pensarmos que Jesus é o pão da vida e que Jesus foi o maná do deserto (teofania: aparições de Cristo no A. T.) e que o maná de sábado vinha na sexta, podemos compreender duas coisas: que o pão nosso de cada dia (alimento) Ele já nos dá, conforme vemos no versículo 33, que Ele não deixará nos faltar a comida, a bebida e as vestes; e que o pão que Jesus se refere não seria o alimento físico, mas o espiritual que alimenta a nossa alma, que fortalece nosso espírito. Portanto, devemos ser totalmente dependentes dEle que nos sustenta dia após dia.


Versículo 12: esse trecho nos trás o ensinamento semelhante à parábola do credor incompassivo que foi perdoado de uma dívida impagável, mas não soube perdoar uma pequena quantidade que tinha a receber. Só conseguimos perdão de nossos pecados assim que perdoarmos a quem nos ofendeu, portanto, temos uma relação de causa e efeito, perdoamos para sermos perdoados.


Versículo 13, primeira parte: devemos rogar para que Deus fortaleça para não perecermos quando formos tentados pelo inimigo ou pela nossa própria carne. Lembre-mo-nos: não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Temos em nós a natureza pecaminosa, o desejo dos olhos, a carne e da soberba da vida (1Jo 2:16). Mesmo que não é de nosso desejo, ainda pecaríamos, pois o único santo foi Jesus. Que possamos não deixar brechas abertas para que o inimigo, que anda ao nosso derredor, possa invadir nossos muros e nos fazer mal. Que toda tentação e sedução pelo pecado possa ser evitada por nossa força em Deus, pois prevalecerá o que for mais alimentado: a carne ou o Espírito. E que o Senhor nos liberte e resgate das coisas ruins e iníquas, de toda condição má e das mãos de Satanás.


Versículo 13, segunda parte: porque o reino o poder e a glória pertencem a Deus, através da autoridade de Cristo, conquistada quando Jesus venceu a morte e subiu aos céus ressurreto, como podemos ver em Ap 12:10. O poder de nos livrar do mal só pode vir de alguém que tem poder sobre isso, de alguém que é mais forte que o maligno, que venceu o mundo. Deus tem poder sobre tudo e todos e Cristo está com a chave da morte e do inferno (Ap 1:18) e nenhum mal tem poder sobre Ele. E dessa forma, glorificamos aquele que é o Grandioso, Excelso Criador, o grande Eu Sou, o Alfa e o Ômega, reconhecendo sua soberania e majestade sobre nós, porque a nossa fé em Jesus nos faz vencer o mundo também (1Jo 5:4).


Que possamos nos modelar na oração ensinada por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e aprendermos a ter intimidade e fazermos a Sua vontade para termos uma vida reta diante do Deus vivo.

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