sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A tentação de Jesus e a sua identidade


 1  Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome. Disse-lhe, então, o diabo: Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem. E, elevando-o, mostrou-lhe, num momento, todos os reinos do mundo. Disse-lhe o diabo: Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser. Portanto, se prostrado me adorares, toda será tua. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto. Então, o levou a Jerusalém, e o colocou sobre o pináculo do templo, e disse: Se és o Filho de Deus, atira-te daqui abaixo; 10  porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; 11  e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. 12  Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 13  Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno.” (Lucas 4:1-13 RA)

Nós pecadores, que nos rebelamos em Adão contra o Deus Excelso, temos diversas crises em nossa vida, seja na área profissional, familiar, espiritual entre outras. Todas passam ou são substituídas por outra após algum tempo. Mas temos uma crise que nós vivemos constantemente: a crise de identidade.

Nós somos constantemente influenciados pelo meio que vivemos, tendo nossos costumes e hábitos ditados e construídos pelo mundo, que é dominado pelo mal. É o mundo que nos fala qual roupa devemos usar, qual celular devemos comprar, qual carro devemos andar e com quem devemos parecer. Cada minuto de vida somos bombardeados por inúmeras mídias tóxicas que nos levam a um consumismo desenfreado, criando em nós uma falsa necessidade de algo que não temos, para mostrar para quem não devemos e ser quem não somos. Com essa fraqueza exaltada, criamos brecha para que o inimigo nos controle através de nossos desejos mundanos, pois buscamos essa satisfação a qualquer custo. Quanto mais buscamos atender esses desejos, mais eles se aperfeiçoam e maior é o esforço para alcança-los, tal como o dependente usando porções maiores de suas drogas para poder satisfazer sua necessidade. A partir desse momento ficamos nas mãos do inimigo e longe de Deus.

As escrituras nos trazem, de forma muito especial, a descrição dessa tentação sofrida por Jesus e o ensinamento de como é importante sabermos quem somos para construirmos a nossa identidade em Jesus, e vivermos Nele, com Ele e por Ele.

Jesus havia acabado de ser batizado nas águas do Rio Jordão, por intermédio de João Batista, conforme já previsto pelo profeta Isaías (Is 40:3). Então, o céu se abriu, desceu o Espírito Santo e Deus bradou que Jesus era seu Filho amado em quem Ele se alegrava. Logo após, Jesus foi levado ao deserto para ser tentado. Após quarenta dias em jejum chega o inimigo para tentá-lo, aproveitando-se desse momento de fraqueza física para dissuadi-lo. O inimigo é astuto e quer aproveitar as nossas fraquezas para nos destruir. Vamos analisar quais as armas do diabo e a arma de Jesus para vencê-lo:

As armas do diabo: Satanás tentou Jesus tomando três pontos já conhecidamente fracos do homem, tal como ele fez com Adão e sua mulher, quando do pecado original: O desejo da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida são do mundo (1Jo 2:16). A mulher foi tentada pela carne quando ela viu que a árvore era boa para se comer (Gn 3:6) e Jesus quando o diabo o tentou falando para Ele transformar pedra em pão, sabendo de sua fome. A mulher foi tentada pelo desejo dos olhos em comer o fruto proibido, pois ele era agradável aos olhos (Gn 3:6) e Jesus foi tentado pelo desejo de seus olhos quando o diabo mostrou todos os reinos do mundo e ofertou-os a Ele. A mulher foi tentada pela soberba da vida quando sentiu desejo em ter entendimento e conhecimento do bem e do mal, tentando ser igual a Deus (Gn 3:5-6) e Jesus quando o diabo o tentou em ter controle sobre sua própria vida decidindo quando morrer ou viver.

A arma de Jesus: Jesus estava cheio do Espírito Santo quando foi levado ao deserto, e da mesma forma que o diabo usou de forma distorcida a palavra de Deus para tentá-lo, Jesus também usou a palavra de Deus para resistir e não deixar ser levado pelas abordagens do inimigo. Portanto, Jesus precisou somente da palavra de Deus para se fortalecer e vencer essa batalha.

Notemos que o diabo em todas as suas investidas quis colocar em dúvida um só ponto: a identidade de Jesus. Ele tinha acabado de ouvir dos céus, da boca de Deus que Ele era seu Filho amado, mas Satanás quis colocar em dúvida o quanto Jesus acreditava nisso e o quanto Ele estava firmado nessa verdade.

Na história percebemos que antes de toda tentação, o diabo falava que se Jesus fosse o Filho de Deus era para fazer isso ou aquilo. Mas Jesus, nunca duvidando de sua identidade, foi reprendendo o inimigo, baseado nas escrituras, até que ele foi embora. Jesus acreditou na única verdade que Lhe foi dada: a palavra de Deus.

Tal como Jesus foi tentado, nós também somo tentados diariamente, mas, diferentemente de Jesus, não temos nossa identidade fortalecida em Deus. Deus também nos fala que somos seus filhos (1Jo 3:1) e nos ensina a viver em santidade, fortalecendo-nos Nele e na força de Seu poder (Ef 6:10). E nós também temos a palavra de Deus para nos radicar, mas não nos firmamos nela, pois constantemente deixamo-nos levar por falsas promessas do inimigo, por distorções da palavra e pelo pouco conhecimento que temos das Escrituras Sagradas. Nós não conseguimos resistir ao Diabo. Na carta de Tiago, capítulo quatro, verso sete, diz que se resistirmos ao diabo ele fugirá de nós. Nós somente podemos entender esse versículo se entendermos o exposto acima, pois quando estamos firmados na palavra de Deus o inimigo, por mais que tente nos levar para caminhos diferentes, não terá êxito, pois conhecemos quem somos, o que precisamos e para onde devemos ir. Da tentação temos que fugir, mas do diabo temos que resistir, e fazemos assim nos firmando em algo que é maior que nós, a saber, Deus.

            A minha oração é que possamos ter muito clara a nossa identidade, pois se já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim (Gl 2:20), logo, a minha identidade é Cristo. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, derramando sua graça para que possamos vencer nossa crise de identidade através da meditação da sua palavra e de constantes orações.

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