Conforme
exposto na primeira parte desse artigo, a oração modelo que Jesus nos ensinou
nos traz bastante direcionamento quanto ao que devemos orar e como devemos
fazer, apesar de, mesmo assim, não sabermos orar como convém.
Mais
do que com palavras, Jesus nos ensinou com seu exemplo a mantermos uma vida exemplar
de oração. Nós podemos ver os milagres que Ele realizava devido à comunhão com
o Pai, recebendo assim o fortalecimento, a santidade e o direcionamento para
seu ministério. Jesus não operou prodígios e sinais por ser filho de Deus, mas
por se comportar como Filho de Deus, filho que ama o pai, que conversa com o
pai e que ouve e obedece a voz do pai. Antes de cada decisão importante em sua
jornada, Jesus se retirava e passava longo tempo em oração com o Pai.
Analisando
um pouco a vida de oração de Jesus, podemos ter vários ensinamentos os quais
gostaria de compartilhar alguns. Quando Jesus teve sua identidade revelada pela
voz de Deus, e o Espírito Santo desceu em forma de pomba (Lc 3:21-22), Ele se
encontrava orando e Deus respondeu seu clamor e se manifestou ao seu Filho
amado. Quando Jesus teve que escolher seus doze discípulos, Ele passou a noite
em oração e quando já era dia escolheu-os segundo o Pai lhe orientou (Lc 6:12-13).
A virtude que Dele saia era tamanha que Jesus se isolava para orar, se
recuperar do desgaste e se preparar para os novos desafios.
Quando
Pedro reconheceu Jesus como o Filho do Deus vivo em Lucas, capítulo nove, verso
20, Jesus havia orado muito anteriormente (Lc 9:18) pedindo a Deus que tivesse
misericórdia e revelasse aos seus discípulos sua verdadeira identidade. Até
então, eles não tinham certeza quem era aquele que andava com eles fazendo
sinais miraculosos. O povo achava que Ele era Elias ou outro profeta, mas Jesus
alcançou a resposta da sua oração e Deus revelou a Pedro sobre Jesus (Mt 16:17).
No
evangelho segundo Lucas, encontramos o maior número de referências as orações
de Jesus. Lucas registra que antes de cada grande feito, Ele se recolhia orar
(Ex.: Lc 5:16). Portanto, essas afirmações nos trazem ciência da necessidade de
mantermos uma vida de intensa de oração, de intimidade e contato direto com
nosso Deus e Pai para sermos usados para fazer obras tal como Jesus assim nos
deixou comissionados (Mc 16:15-18). Sem o poder advindo da oração nossa vida
ministerial fica infrutífera. Se quisermos que pessoas conheçam Cristo
precisamos orar para que Deus dê o entendimento a eles, senão a pregação será
infrutífera, pois não terá poder.
Precisamos
buscar saber qual é a vontade do Pai para nós, qual o propósito das situações
que vivemos e o que Ele quer nos ensinar. Jesus por várias vezes nos falou
sobre cumprir a vontade do Pai (Jo 5:30; Jo 6:38, Mt 6:10; Mt 26:39 entre
outros), tal como registrou, também, na oração modelo (conhecida como Pai
Nosso). Deste modo, precisamos estar preparados para fazer a obra que Ele nos
confiou, pois seremos julgados pelas mesmas (Ap 20:13) e receberemos galardão
por isso. As batalhas espirituais são ganhas espiritualmente, pois nossa
batalha não é contra carne e sim contra hostes malignas nas regiões celestiais,
as quais são alcançadas e enfrentadas somente através de nossas orações.
Podemos
perceber que em nenhum momento Jesus trava algum tipo de batalha espiritual
quando está na frente e alguém para curar, ressuscitar, expulsar demônios ou
exercer qualquer outro tipo de sinal. Nesse momento não deve haver batalha e
sim a colheita dos louros da vitória, pois a batalha se ganha antes com os
joelhos no chão e o coração quebrantado diante de Deus e assim o poder de Deus
nos enche e nos guia através da verdade. Jesus só declarava a sua vontade, que
era a mesma vontade do Pai, e o sobrenatural se realizava (Mt 8:3; 8:15; 8:16;
9:24; 12:3; 20:34 entre outros). A palavra de Deus deve ser declarada com
poder, com unção, pois Deus é fiel em cumprir suas promessas. Porém, não
conseguimos realizar milagres assim porque somos fracos na fé e na oração. Somos
medíocres em nossa vida devocional e a soberba nos é exaltada buscando
glorificarmos a nós mesmos e não ao Pai. Uma vida de insubmissão e soberba nos
afasta de Deus (Tg 4:6), mas a humildade gera obediência e nos faz chegar ao
trono da graça.
Clamo
para que o Senhor nos subjugue mais e mais para que possamos ser totalmente
dependentes Dele, fazendo a Sua vontade sem olhar para nossos anseios. Que
possamos manejar bem a palavra da verdade apresentando-nos a Deus como obreiro
aprovado que não tem do que se envergonhar (2Tm 2:15). Que possamos conhecer a
Sua palavra, que é viva e eficaz (Hb 4:12), e assim declarar a sua verdade e
vontade, e batalhar no escondido dos nossos quartos, distante dos hipócritas
que clamam em alta voz e em línguas estranhas buscando somente sua glória
perante os homens. Que Jeová nos chame a sermos diminuídos para os homens, mas
engrandecidos para Ele.
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